terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

DE: KALIL GIBRAN

Quando o AMOR vos chamar, segui-o,
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados;
E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe,
Embora a espada oculta em sua plumagem possa ferir-vos;
E quando ele vos falar, acreditai nele,
Embora sua voz possa desperdiçar nossos sonhos como o vento devasta o jardim.
Pois, da mesma forma que o amor vos coroa, assim ele vos crucifica. E da mesma forma que ele contribui para o vosso crescimento, trabalha para a vossa poda.
E da mesma maneira que ele sobe à vossa altura e acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol, assim também desce até vossas raízes e as sacode nos seu apego à terra.
Como feixes de trigo, ele vos aperta ao seu coração.
Ele vos debulha para expor a vossa nudez.
Ele vos peneira para libertar-vos das palhas.
Ele vos mói até a extrema brancura.
Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis.
Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma no pão místico do banquete divino.
Todas essas coisas o amor operará em vós para que conheçais o segredo de vossos corações e, com esse conhecimento, vos convertais no pão...
Todavia, se no vosso temor, procurardes somente a paz no amor e o gozo do amor,
Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez e abandonásseis a eira do amor, para entrar no mundo sem estações, onde rireis, mas não todos os vossos risos, e chorareis, mas não todas as vossas lágrimas.
O amor nada dá senão de si próprio e nada recebe senão de si próprio.
O amor não possui e não se deixa possuir. Pois o amor basta-se a si mesmo,
Quando um de vós ama, que não diga: “Deus está no meu coração”, mas diga antes: “Eu estou no coração de Deus”.
E não imagineis que possais dirigir o curso do amor, pois o amor, se vos achar dignos, determinará ele próprio o vosso curso.
O amor não tem outro desejo, senão o de atingir a sua própria plenitude.
Se, contudo, amardes e precisardes ter desejos, sejam estes os vossos desejos:
“De vos diluirdes no amor e serdes como um riacho que canta a sua melodia para a noite;
De conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada;
De ficardes feridos por vossa compreensão do amor;
E de sangrardes de boa vontade com alegria;
De acordardes na aurora com o coração alado e agradecerdes por um novo dia de amor.
De voltardes para casa à noite com gratidão;
E de adormecerdes com uma prece no coração para o bem amado, e nos lábios uma canção de bem-aventurança.

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