Vania Simplesmente

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

SOU SAUDADE

Vania Vianna

Sou tua saudade, eu existo!

Pra doer dentro do teu peito

Pra que fiques triste assim...

Pra que sangres do meu jeito!

Pois meu jeito é ser saudade

Se te faltar, do amor te esqueces

Sou tão doce quanto a doce maldade

De sonhar o amor que não te aquece.

A cada sonho aumento tua dor

Porque sou saudade, vivo disso!

E refaço sem piedade o dissabor

De acordar e repetir meu compromisso.

Sou a ferida que conforta!

Em agruras refaço as descobertas

Pois teu amor se foi, por uma porta

Eu, saudade, entrei pela janela aberta

Entro e me instalo sorrateira

Faço do teu corpo, mil pedaços

Sangro em tua carne, meu cansaço

Finjindo querer ir, enganadeira

Existo porque o bem que se foi

Não se fez ser teu, não mereceu

Agora sabes porque a saudade doi

Pois o amor que se foi, nunca foi teu

E se um dia tu de ti se apiedar

Tua dor irá embora mansamente

Sentirás que já não sangras em lembrar

Nem a mim, saudade, já não sentes.

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Quando escrevo, tinjo os meus sonhos em preto em branco de azul. Dou colorido às minhas imagens, quando transcrevo meus pensamentos e minhas verdades. São reais, não invento. Já passei da idade de ter vergonha do que fiz e do que faço. Escrevo versos e prosas, e pronto. Saio desenhando a vida por aí e posso vivenciar tudo, no meu real poético ou no meu imaginário. Floreio, arrumo, pinto e os torno verdade, porque é assim que eu sinto.
Dizem que todos os escritores falam de si e eu sei que todos eles sonham. Eu sonho e escrevo. Renovo as minhas esperanças: recrio-me, restauro-me, curo a minha alma, enquanto descarto as dores na escrita, às vezes curando as doenças do inconsciente. A escrita me leva à concretização ou às possibilidades, pequenas que sejam, de reforma interior, de ação, de transformação. Com ela faço ato ao imutável. Preencho as faltas, desato os nós de Borromeu, venço as agonias das perdas. Faço nelas as minhas reparações, aquelas que não podem ser faladas, só silenciadas no meu grito.
Meu desejo se torna acessível quando escrevo. Minha fé se renova. A tristeza e o medo são exorcizados em prosas e versos.
Cada pensamento me liberta do formalismo prático para o gozo, para o prazer real e imaginário de voar e, assim, quero também que alguém me leia e diga que sente isso também, porque nisso eu não serei uma louca solitária e incoerente.
Tenho o privilégio, tal qual a poesia tem, de ter uma loucura universal, prescrita, inerente e igual a sua! Seja bem-vindo aos meus sonhos, aos meus anseios, à minha história. Ela é até pueril, mas é sentida com a minha mais doce essência.