Vania Simplesmente: maio 2009

sexta-feira, 29 de maio de 2009

O TEMPO NÃO CESSA...

Ah! O tempo!
Passa em silêncio parece sem pressa
Leva o cantar da gaivota
Acaba com a festa
Esmigalha a palavra,
Dissolve as promessas!

Ah! O tempo
Canta baixinho sem rumo
Destrói a verdade donzela
Qual é seu destino?
Descolorir a janela
E levar o sorrido menino!

Ah! O tempo
Tão depressa passou
E caminhou sem graça
Sem hora e sem tempo
Desfez meu sorriso
E a vida incerta
Tornou-se um lamento!

VaniaViana
Maceió
29.05.2009

terça-feira, 26 de maio de 2009

LEVA

Leva de mim o desengano, leva contigo...
Leva a falta que me deixaste partindo

Leva o desassossego do nem ir nem ficar,
Isso me deste, e eu não quero, leva daqui

Leva junto a minha imagem, a minha máscara
A minha farsa, a mentira e a dor da carne nua...

Que sejam o teu tormento, que eu o amaldiçoo...
Profecia porque não posso arrancar de mim esse mal

Mas devolva a minha alegria e a minha crença...
Peço-te... Devolva-me a pueril esperança

Devolva-me meu peito aberto como antes,
Despreocupado... Devolva-me meu ser amado

Leve e livre do desânimo... Renovado...
Devolva-me meu ser, que eu devolvo o teu passado!

VaniaViana
Maceió
06.03.09

Quando escrevo, tinjo os meus sonhos em preto em branco de azul. Dou colorido às minhas imagens, quando transcrevo meus pensamentos e minhas verdades. São reais, não invento. Já passei da idade de ter vergonha do que fiz e do que faço. Escrevo versos e prosas, e pronto. Saio desenhando a vida por aí e posso vivenciar tudo, no meu real poético ou no meu imaginário. Floreio, arrumo, pinto e os torno verdade, porque é assim que eu sinto.
Dizem que todos os escritores falam de si e eu sei que todos eles sonham. Eu sonho e escrevo. Renovo as minhas esperanças: recrio-me, restauro-me, curo a minha alma, enquanto descarto as dores na escrita, às vezes curando as doenças do inconsciente. A escrita me leva à concretização ou às possibilidades, pequenas que sejam, de reforma interior, de ação, de transformação. Com ela faço ato ao imutável. Preencho as faltas, desato os nós de Borromeu, venço as agonias das perdas. Faço nelas as minhas reparações, aquelas que não podem ser faladas, só silenciadas no meu grito.
Meu desejo se torna acessível quando escrevo. Minha fé se renova. A tristeza e o medo são exorcizados em prosas e versos.
Cada pensamento me liberta do formalismo prático para o gozo, para o prazer real e imaginário de voar e, assim, quero também que alguém me leia e diga que sente isso também, porque nisso eu não serei uma louca solitária e incoerente.
Tenho o privilégio, tal qual a poesia tem, de ter uma loucura universal, prescrita, inerente e igual a sua! Seja bem-vindo aos meus sonhos, aos meus anseios, à minha história. Ela é até pueril, mas é sentida com a minha mais doce essência.